A academia por muito tempo auxiliou na perpetuação da segregação social e étnico-racial a partir da exclusão de parcelas socialmente desfavorecidas, como os povos originários e a população negra. A restrição de acesso a ambientes intelectualmente reconhecidos como fonte e produção do saber solidificou a conformação segregatória de um espaço cuja ciência hegemônica e eurocentrada excluiu e exclui saberes tradicionais e populares. Torna-se evidente, portanto, a apropriação desses espaços por essas populações produzindo conhecimentos originário e racializado.
Desde o aprimoramento de políticas públicas de acesso à população negra e indígena ao ensino superior, a Lei das Cotas (Lei no 12.711/2012), que prevê o ingresso de pelo menos 50% de negros, pardos e indígenas nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), a parcela da população negra nas universidades aumentou significativamente: em 2001, eram 22% desses estudantes, já em 2015 essa participação alcançou 44%. Apesar de representar um avanço na proporção de pessoas negras nestes ambientes, grande parte ainda se concentra na modalidade de graduação, o que restringe o seu posicionamento no mercado de trabalho e de reconhecimento técnico, científico e intelectual.
Tendo isto em vista, a equipe de Arte, Ciência e Tecnologia do SESC Madureira convidou a sociedade civil a participar do Curso Preparatório de Mestrado e Doutorado para Negros, Indígenas e Asiáticos, que ocorreu aos sábados de junho (04, 11, 18 e 25/06), de 13h30 às 17h30, com o objetivo de auxiliar estas parcelas da população a alcançar posições acadêmicas de maior valor mercadológico e intelectual para a sociedade, reforçando valores, saberes, fazeres e locais étnicos e identitários.
A programação teve formato híbrido, com o primeiro e o terceiro encontro presenciais, e o segundo e quarto virtuais na plataforma Microsoft Teams.
A programação foi gratuita.
