2ª Edição – Exposição Passado e Presente na construção de futuros negros

Projeto Consciências 1

O projeto “O Passado e o Presente na Construção de Futuros Negros” trata-se de uma exposição multilinguagem que tem como objetivo a valorização da ciência e arte brasileira através do protagonismo negro dentro de contextos sociais e acadêmicos. Com curadoria de Evi Macêdo e Laura Carvalho, mentoradas por Priscilla Cadette (Cadette Consulting), a exposição, que está na sua segunda edição, traz para a área de Arte, Ciência e Tecnologia do SESC Rio um panorama dos cientistas e artistas que atuam no Rio de Janeiro.

 

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Obra: “Portais de Brunna”
Artista: Ana Brito
Técnicas: Colagem digital
Data: Dezembro de 2022

Sobre a obra: Brunna Canes ao centro do quadro, em uma foto preto e branco com contornos em amarelo. No fundo, um céu com vários planetas, cercados de montanhas coloridas em rosa e laranja. Na base um mar azul com pirâmides juntas. Entre camadas, um adinkra simbolizando o resgate ancestral e cogumelos gigantes na cor amarelo. No mar, um barco com uma pessoa navegando.

A artista trouxe as montanhas coloridas e o céu com vários planetas como possibilidade de novos mundos a partir do trabalho da Brunna. As cores quentes como ação afirmativa de poder. O mar representando o conhecimento e o barqueiro em representação a ela como a desbravadora desse novo mundo. Na camada do meio um adinkra no formato do coração estilizado, simboliza a volta para adquirir conhecimento do passado, a sabedoria e a busca da herança cultural dos antepassados para construir um futuro melhor. Simboliza os portões abertos, trazendo a referência da especialização da Brunna em segurança prisional.  As pirâmides como antena do conhecimento ancestral e a coroa como o objeto de reinado do seu conhecimento.  Os cogumelos amarelos trazem a natureza monumental e pura. As setas no corpo dela como uma continuidade do seu legado.

Brunna abre as portas para novos conhecimentos.

 

Brunna Cannes (https://www.instagram.com/umabrunnapsi/)
Psicóloga, psicanalista, mestre e doutoranda em Memória Social pela UNIRIO, de 27 anos, mulher preta e periférica do Rio de Janeiro. Em seu percurso acadêmico, Brunna estuda políticas públicas de segurança pública, medidas punitivas, prisões, violência e direitos humanos a partir de estudos interdisciplinares. Como moradora da periferia e pesquisadora, questiona o papel das instituições do Estado em áreas vulnerabilizadas e marginalizadas, além de ter convivido com embates entre a criminalidade e as atuações controversas das instituições de segurança pública.

Ana Brito (https://www.instagram.com/souanabrito/)
Ana Brito é Artista Visual e Escritora. Idealizadora da Coletiva Feromônia, Colaboradora da Coletiva Papel Mulher, da Coletiva Mulheres de Propósito, Coletivo Na Borda e participante da plataforma Artistas Latinas. Desenvolve projetos de arte urbana através do lambe-lambe em ações em periferias. Cria da Zona Norte do Rio de Janeiro, recria na colagem manual cenas sobrepostas em imagens surrealistas, onde traduz o tempo do lugar de espectadora e tece um olhar poético sobre o corpo periférico e seu trânsito.

 

 

Obra: “Antônio”
Artista: Davi de Macena
Técnicas: Colagem digital
Data: Janeiro de 2023

Sobre a obra: A foto colagem, que foi produzida toda em suporte digital, é composta por elementos que pertencem à física atômica, área de atuação do cientista Antônio, figura central da produção. A partir das leituras das produções acadêmicas de Antônio, forma que o artista teve para conhecê-lo, palavras foram o que guiaram essa produção, que levaram a conceitos da física e a perspectivas de um campo que observa a natureza a partir de um núcleo; o início de um movimento.

O movimento está representado nessa fotocolagem nas várias partículas, tanto as que parecem explodir atrás de Antônio, evidenciado no primeiro plano, quanto no arco que é formado acima de sua cabeça. As partículas trazem a sensação de um movimento acelerado em contraste com as nuvens. A dinâmica de maior calmaria das nuvens evoca a sensação de uma transformação continua e, muitas vezes, despercebida em nosso cotidiano. Além dessa forma de lembrar do movimento contínuo a nuvem interrompe a malha quadriculada que vai de encontro a ela. Essas linha nos orienta no espaço infindo, conduzem nosso olhar a um plano de fundo sem fim.

Outro elemento trazido para a obra é uma representação da Terra partida ao meio, com seu núcleo quente e vibrante ligando as duas metades. Em cada uma delas há um pedaço da superfície do planeta: os continentes africano e sul-americano representados respectivamente à direita e à esquerda, partes estas que também estão conectadas pela imagem de Antônio. Seu corpo diaspórico, afro-latino-americano, que estampa e escreve suas produções intelectuais, sua forma de ver o mundo, sua maneira de considerar o tempo; compõe cosmovisão que partilho com ele, mesmo tendo o conhecido apenas a partir de uma foto e de suas elaborações textuais. O sorriso de Antônio expande a atmosfera que construí no plano de fundo e assim permite as abstrações necessárias para representar o movimento ao nosso redor, tanto na infinita amplitude do universo como na relação do movimento dos povos ao redor do globo.

 

Antônio Carlos (toni@if.ufrj.br)
Professor titular e mestre em Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, doutor em Física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, tem experiência na área de Física, com ênfase em Física Atômica e Molecular. Pesquisa principalmente os seguintes temas: colisões íon-átomo, ionização múltipla, target ionização, espectrometria de massa.

Davi de Macena (https://www.instagram.com/demacenaa/)
Davi de Macena é um artista multilinguagem da Maré. Com 24 anos e cria de Duque de Caxias, Davi mora no morro do Timbau. Sua relação com as artes visuais começa na rua. Pensar a cidade como suporte para vários formatos artísticos é uma maneira de observar e interagir com a transformação de bairros, de praças, de ruas e de pessoas. A cidade viva lhe encanta.

 

 

Obra: “Preamar”
Artista: Nlaisa Luciano
Técnicas: Colagem digital
Data: Janeiro de 2023

Sobre a obra: A obra articula o território da Maré a partir de alguns elementos simbólicos centralizando Pâmela Carvalho. A partir de binariedades estruturais, toda a concepção foi trabalhada de maneira a propor perspectivas históricas e ficcionais. Na imagem, o plano de fundo se divide em duas cores: laranja na parte superior e azul na parte inferior. Um círculo preto ocupa a parte central da imagem sobrepujado por imagens das palafitas e de Pâmela que carrega uma pequena auréola simbolizando o sol e rodeada das fases da lua evidenciando a narrativa científica e ficcional sobre a influência que a lua tem sobre as marés. Num movimento de dentro para fora do círculo, pontes de madeira preenchem a parte inferior da imagem junto com imagens recortadas de caixas d’água representando a água e questões sobre acesso e saneamento básico. Na parte superior, o céu é tomado por imagens espelhadas de casas de tijolos bem conhecidas da Maré. Entre os encontros do azul e do laranja, há elementos de papel rasgado em ambos os lados, direito e esquerdo, da imagem junto a dois ramos de flores, respectivamente uma em cada lado.

 

Pâmela Carvalho (https://www.instagram.com/apamelacarv…)
Pâmela Carvalho é pesquisadora-ativista das relações raciais e de gênero e dos direitos das populações de favela. Historiadora, comunicadora, mestra em Educação e coordenadora na Redes da Maré. Fundou o Coletivo Quilombo Etu, que discute cultura, relações raciais e educação.

Nlaisa Luciano (https://www.instagram.com/nlaisa.luci…)
Nlaisa é filha de Maria de Fátima e moradora da Maré, onde atua como educadora popular e integra a coordenação do pré vestibular do CEASM (Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré). Graduanda em Letras na UFRJ, pesquisa Memória a partir do Museu da Maré e atuou na Extensão, por dois anos, no GEM (Grupo de Educação Multimídia) com linguagem audiovisual. Faz parte do Coletivo de Teatro do Oprimido MareMoTO, é ativista das pautas LGBTQIA+ com foco racializado em gênero/transgeneridade, sexualidade e pensa os temas a partir de performances e intervenções artísticas.

 

 

Obra: “ROSEANE”
Artista: Karen Carvalho
Técnicas: Colagem digital

Data: Janeiro de 2023

Sobre a obra: Para esta obra a técnica utilizada foi a de colagem digital, que se utiliza de recortes fotográficos e elementos gráficos. 

Como peça principal da colagem vemos a fotografia da cientista Roseane Maria Corrêa, uma mulher negra, que está vestindo um vestido amarelo e acima dele podemos ver desenhos digitais de linhas brancas e marrons, remetendo as roupas de palha do orixá obaluae, que para a cultura yoruba representa o orixá da saúde e da doença, a mesma está posicionada de frente, com os braços cruzados ao corpo, sorrindo e está utilizando colar e braceletes dourados. Enroscado nos seus braços vemos uma serpente verde que na cultura europeia pode ser vista como símbolo da medicina, mas a autora se baseio na simbologia egípcia, onde a serpente representa soberania. 

Sendo equilibrado e apoiado a sua cabeça podemos ver um jarro de barro, onde nele está escrito em uma fonte branca a palavra Ori, que no idioma yoruba significa cabeça. Dentro deste jarro podemos ver elementos que representam o conhecimento ancestral e científico de Roseane, como livros, tubos de ensaio, uma quartinha de barro, um chifre de búfalo, um galho de ervas e uma guia com pingentes das orixás Oxum e Iansã. 

Ao fundo da fotografia podemos ver um círculo amarelo no mesmo tom do seu vestido, e nas suas laterais temos plantas, como espadas de iansã e lírios brancos, que tem como intuito representar que a ciência segue sendo protegida pelo nosso povo preto. Para finalizar, podemos ver escrito ao fundo, em verde a frase: Sempre fomos cientistas – para lembrar que o nosso povo preto sempre foi detentor do conhecimento científico! 

Podemos ver assinando também em fonte verde o Instagram de colagens da autora Karen Carvalho, que é @colagemancestral.

 

Roseane Maria Correa (https://www.instagram.com/roseane_mundo/)
Mulher negra, filha de Elisabete, neta de Erondina, Doutoranda em Saúde Pública pela ENSP/Fiocruz, Mestre em Saúde Pública pela ENSP/Fiocruz, Especializanda em Sistemas de Informação, Monitoramento e Análise de Saúde Pública-SIMASP pelo LIS/ICICT/FIOCRUZ (em curso), Enfermeira, da Associação de pós-graduandos da Fiocruz, do Coletivo Negro Fiocruz, sambista e leitora. Pesquisadora sobre a saúde da mulher negra. Estuda Saúde da Mulher Negra e os determinantes sociais de Saúde.

Karen Carvalho (https://www.instagram.com/colagemance…) Karen Carvalho é uma videomaker preta de 35 anos e LGBTQIA+ criada pelo subúrbio do Rio de Janeiro e por sua ancestralidade. Formada em Comunicação Social, habilitada em Jornalismo, CEO e Diretora de Comunicação Audiovisual na Humane Filmes Ltda, filmmaker e diretora de conteúdo.

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