Por Bernardo de La Vega Vinolo
Em um pequeno anfiteatro no subúrbio do Rio de Janeiro, vimos um grupo de crianças entusiasmadas sentadas em semicírculo, enquanto esperavam a equipe de pesquisadores iniciarem sua apresentação. Enquanto olhavam para a projeção na parede, moviam-se entusiasmadamente pelo assento e conversavam entre si. Ao primeiro sinal de início da atividade, aquietaram-se, e olharam com curiosidade para o grupo de cinco paleontólogos, alguns vestidos com roupas de campo: chapéus, jaquetas e calças de cores bege. “Bom dia, crianças! Alguém aqui sabe o que um paleontólogo estuda?”, perguntou a pesquisadora, se direcionando para o centro do espaço. “Estudam palha?” respondeu, de maneira tímida, um menino de blusa azul. Sorridentes, os pesquisadores se entreolharam e disseram: “Vamos começar?”
Na segunda semana de abril, a equipe de Arte, Ciência e Tecnologia do Sesc Madureira realizou uma atividade em parceria com pesquisadores do Laboratório de Paleontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e com a equipe do Mais Infância sobre “Como é ser paleontólogo?”. A oficina ocorreu a partir de uma apresentação inicial da profissão, elucidando seu modo de trabalho e os locais de pesquisa e extensão, além das possibilidades de atuação e curiosidades do mundo fóssil. Após esta introdução, a turma foi dividida em mesas para conhecerem o dia a dia de um paleontólogo a partir de atividades lúdicas que mimetizam o ofício, aliando o conhecimento teórico com o prático e ao brincar:
(1) quebra-cabeça, no qual as peças são os ossos de um dinossauro, tendo como proposta
a montagem do esqueleto e o debate da homologia dos ossos dos dinossauros com os dos humanos;
(2) simulação de escavação, em que cada criança recebe um bloco de barro contendo um fragmento fóssil verdadeiro
no seu interior, que precisará ser encontrado com ferramentas de campo adaptadas;
(3) simulação de escavação em caixa de areia, onde as crianças escavam os fósseis com pincel e trabalham na sua identificação;
(4) mesa com fósseis expositivos, na qual o público visualiza o material e tenta associar com cada uma
das reconstruções de animais pré-históricos presentes numa tabela de imagens.
(5) mesa expositiva com todas as ferramentas comumente utilizadas nas escavações.
Esta atividade integra a programação “Profissões científicas e tecnológicas: construções de novos futuros através do brincar“ cujo objetivo é apresentar ofícios científicos e tecnológicos a partir de atividades lúdicas, como experimentos, construções e observações de fenômenos do mundo natural e artificial. As oficinas são elaboradas a modo de introduzir não somente conteúdo teórico-prático, mas também no estímulo ao conhecimento de ocupações acadêmicas pouco conhecidas ou socialmente distantes, auxiliando na ampliação das perspectivas de atuação profissional de crianças do entorno da unidade. Para tanto, realizamos atividades sistemáticas de cunho tecno-científico com eventuais convidados de universidades e centros de pesquisa, visando a desmistificação da imagem do cientista e a aproximação do ser, fazer e produzir ciência. A programação irá perdurar por todo ano com temáticas mensais, abordando profissões referente às ciências sociais, humanas, exatas e da natureza. Por uma ciência que se faça presente em todos os lugares, feita por todas as mãos.