Projeto Jornada Antirracista
O Sesc RJ, por meio da Gerência de Educação, apresenta o projeto Jornada Antirracista, uma programação que ao longo de três meses de 2021, convocou toda a sociedade a discutir, pensar e refletir sobre a problemática do racismo na sociedade brasileira, buscando, contribuir para a mudança de comportamento das pessoas. O Sesc RJ, cumprindo o seu papel de agente educador e propositivo, reconhecendo a realidade que estamos inseridos, ao longo dos últimos anos, vem intensificando e consolidando sua agenda educativa de combate ao racismo. Cumprindo nossa responsabilidade no estabelecimento do bem-estar social, bem como, o estabelecimento de uma sociedade mais justa e racialmente igualitária. Acreditamos que o processo educativo é uma ferramenta indispensável ao combate ao racismo e todas as suas variantes e mazelas sociais.
A Jornada Antirracista busca refletir acerca das mazelas do racismo no cotidiano das pessoas, analisando as dinâmicas do racismo estrutural brasileiro, mas, também, evidenciar a potencialidade do povo negro, um povo que vem há séculos, criativamente, resistindo a tal opressão.
É fato que os negros, nessas últimas décadas, estão mais inseridos nos postos de trabalho e mais presentes nos bancos escolares. Os indicadores sociais demonstram uma ligeira mudança nas posições ocupadas pelos negros em relação ao acesso e ao rendimento escolar. Todavia, se considerarmos as taxas de eficiência dos alunos negros no sistema educacional, a distribuição salarial e os postos de serviços ocupados, os negros permanecem, invariavelmente, em desvantagem, sem falar nos indicadores de segurança pública, os negros figuram nas piores taxas e indicadores de violência.
O Brasil possui especificidades históricas que fundamentam uma trajetória de desigualdade racial e social que o coloca no topo do ranking dos países mais desiguais do mundo. Sob a ideia de exclusão social calcada em critérios socioeconômicos, subjaz uma latente desigualdade racial que é retroalimentada cotidianamente. Exatamente por isto precisamos refletir sobre esta realidade e buscarmos juntos, a solução para tais problemas.
Jornada Antirracista
Por Adriano Silva da Rocha
Sobre o projeto:
A educação configura-se como um dos principais instrumentos de transformação de um povo em uma sociedade. Paulo Freire já nos ensinou que “educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo.” O programa Educação do Sesc RJ tem como proposta de atuação contribuir para promoção de mudanças que favoreçam o crescimento pessoal e social, concretizado por meio de ações e atividades de educação não formal. O princípio fundamental da nossa ação educativa é reconhecer e valorizar crianças, jovens, adultos e idosos como sujeitos de conhecimento. Aqueles que pensam, elaboram, realizam, repensam e reconstroem. Desta forma, entendemos a educação como um processo contínuo e dinâmico, que estabelece relações com a realidade em vistas à transformação social. Nossas atividades em educação são destinadas a proporcionar a compreensão e a ampliação de conhecimentos, visões de mundo e formas de pensamento, explorando, difundindo e popularizando conteúdos das ciências e humanidades em suas relações com a cultura e sociedade.
O racismo é um grande problema na sociedade brasileira, não é algo recente. Ainda que muitos digam que não existe racismo no Brasil, os indicadores sociais mostram de forma esclarecedora que a população negra protagoniza os piores índices e taxas sociais. Conforme Silvio Almeida (2020) nos alertou, o racismo se manifesta de forma estrutural no Brasil, o racismo estrutura toda uma sociedade “o racismo fornece sentido, a lógica e a tecnologia para a reprodução das formas de desigualdade e violência que moldam a vida social contemporânea”. Há anos que o Movimento Negro vem denunciando que aqui subjaz uma latente opressão racial contra os negros. Talvez não exista nada que conteste com maior eficiência a democracia racial do que a própria situação do negro brasileiro, passados mais de cem anos de abolição, a maioria dos negros está nos extratos mais baixos da sociedade. São os meninos de rua. São os que abandonam com maior frequência as escolas. São os que não conseguem uma boa colocação profissional. É a população que mais morre, é maioria no sistema carcerário brasileiro… Se a explicação não é biológica, só pode ser fruto de um processo que por si só desmentem a democracia racial e escancara o racismo estrutural vigente na sociedade brasileira.
O Sesc RJ em cumprimento ao seu papel de agente educador e propositivo, reconhecendo a realidade em que estamos inseridos, vem intensificando e consolidando sua agenda educativa em combate ao racismo estrutural brasileiro. Esta é uma de nossas responsabilidades no estabelecimento do bem estar social, bem como, o propósito de construir uma sociedade mais justa e racialmente igualitária. Acreditamos que o processo educativo é uma ferramenta indispensável para o combate ao racismo, em todas as suas variantes.
O projeto Jornada Antirracista foi uma programação que, ao longo segundo semestre de 2021, convocou toda a sociedade a discutir, pensar e refletir sobre a problemática do racismo na sociedade brasileira. Desta forma, buscamos contribuir para a mudança de comportamento das pessoas.
Sobre a programação:
A Jornada Antirracista foi composta por uma programação multilinguagem com viés educativo que buscou refletir acerca das mazelas do racismo no cotidiano das pessoas negras por meio da análise da dinâmica do racismo estrutural brasileiro, mas, também, priorizou evidenciar a potencialidade do povo negro, um povo que vem há séculos, criativamente, resistindo a tal opressão.
A programação ocorreu em nove unidades do Sesc RJ, são elas: Tijuca, Engenho de Dentro, Madureira, Ramos, São João de Meriti, Duque de Caxias, Teresópolis, Nova Friburgo e Barra Mansa.
A atuação sistemática nas nove unidades possibilitou uma grande capilaridade e o envolvimento de diferentes pessoas nas temáticas abordadas nas atividades. A programação foi totalmente realizada de forma virtual, sendo composta por rodas de conversas, tour virtual em museus e espaços, cursos, exposição e conteúdo educativos virtuais postados nas redes sociais do Sesc RJ. Totalizando 23 ações, a seguir algumas programações destaques na programação:
Roda de conversa – O Preto na Arte, Ciência e Tecnologia
Unidade: SESC Engenho de Dentro
A atividade acima apresentada trata-se de roda de conversa cujo tema propôs discutir o conceito de racismo e antirracismo além de discorrer sobre inspirações, descobertas, empoderamento e a representatividade de pretos em políticas públicas e projetos de sucesso que transformam vidas por meio da arte, ciência e tecnologia. A realização de tal atividade se faz mister pois atende a necessidade atual de reconhecer os negros como sujeitos sociais, produtores de conhecimentos.
Roda de Conversa- Educação VAI PRA CASA!
Educação Antirracista – Lei 10.639/03
Unidade: Engenho de Dentro
A atividade acima abordou a lei 10639/03, que em 2021 completa sua maioridade, 18 anos. O objetivo foi possibilitar a aproximação dos participantes a uma nova perspectiva, na qual se observa o espaço escolar como um local estratégico para realização de práticas transformadoras focadas no respeito às diferenças e no combate ao racismo. A realização de tal atividade torna-se importante para discutir a implementação de uma educação antirracista na nossa sociedade, ressignificando a história dos negros no Brasil.
Live Afrofuturismo e Entretenimento
Unidade: Sesc Duque de Caxias
A live discutiu acerca da representatividade no cenário de entretenimento e games, assim como a inclusão de ações e projetos em áreas periféricas, principalmente, do ponto de vista de mulheres pretas.
Rolézinho na Favela: visita virtual no morro da Providência
Unidade: SESC Madureira
Visita virtual ao Museu da Favela onde conhecemos sua ‘acervo vivo’, os próprios moradores, cujas histórias constroem o acervo de memória local, e as exposições em grafite, que formam uma galeria de arte preta e favelada. A importância da atividade reside em apresentar ao público uma ferramenta de tecnologia social para guiamento turístico, mediação cultural e mobilização das pautas da favela, promovendo conhecimento sobre a origem, trajetória, desafios, arte e cultura do dos Morros do Pavão/Pavãozinho/Cantagalo. A partir disso, os participantes da live puderam conhecer a realidade destes territórios, participar de debates raciais e de território, conhecer tecnologias de mobilização de pautas, promoção de acervo histórico e de memória, e prestigiar a arte negra e favelada.
Curso Práticas Pedagógicas para uma Educação Antirracista
Unidade: Sesc São João de Meriti
O curso acima abordou as relações culturais entre o Brasil e o continente africano expressas em narrativas ficcionais angolanas, sobre a literatura africana nos livros didáticos brasileiros, sobre interações entre palavra e imagem, tradição e modernidade na literatura infanto-juvenil afro-brasileira e africana, sobre diálogos literários entre Brasil e São Tomé e Príncipe, sobre aspectos da poesia e da narrativa feminina negra que desestabilizam a relação entre o centro e o periférico e realçam a necessidade de se discutir o racismo e as desigualdades sociais que envolvem questões de raça, classe e gênero e sobre a reposição cultural das tradições africanas no Brasil através do Jongo, manifestação afro-brasileira.
A seguir, as temáticas trabalhadas durante os encontros:
Reflexões sobre uma educação antirracista, literatura são-tomense e literatura negro-brasileira: abordagens da poesia contemporânea na sala de aula, ondjaki – literatura angolana para adultos, jovens e crianças, abordagem das literaturas africanas no ensino e livro didático: PNLD, novo Ensino Médio e polissistemas, jongo: gênero textual oral de matriz africana, – literatura infanto juvenil afro-brasileira e africana: interações entre palavra e imagens, esse cabelo: ética e estética na obra de Djamilia Pereira de Almeida, literatura negro-brasileira: educação e resistência na obra de Geni Guimarães.
Lives Lugar de Fala com Lucas Lima
Unidade: Ramos
A programação “Lugar de Fala com Lucas Lima” cria um espaço que “dá voz” para um jovem negro, periférico, empreendedor, educador, criador de tecnologias, falar de suas percepções. Um dos resquícios dos quase 400 anos de escravidão que nosso país viveu, somado a falta de politicas de reparação ao longo das décadas é termos uma periferia composta por negros (as), em tons de pretos diferentes.
Lucas Lima realizou a curadoria da programação juntamente com a equipe técnica de educação da unidade, mediou 7 encontros que ocorreram no Instagram do Sesc Ramos e na plataforma Teams. Com esta ação o Sesc RJ pretendeu evidenciar a importância do protagonismo de jovens negros, periféricos, empreendedores, professores, criadores de tecnologia; Lucas falou sobre a experiência de realizar a curadoria, e construção da programação; o porquê dos temas e convidados escolhidos. Lucas optou por tratar de temas como: o crescimento do empreendedorismo negro no Brasil; o ensino da cultura afro-brasileira e africana no ensino básico, nichos profissionais que estarão em alta no futuro; os desafios que o setor educacional enfrenta, e projetos educacionais inovadores; através de pessoas que fazem parte de sua trajetória, da sua rede de sustentabilidade, encerrando com o consolidado educador Edu Valladares que sempre foi uma inspiração para ele.
Promover ações como esta rompe com racismo estrutural e cria um espaço de representatividade, que afirma que o jovem negro periférico é capaz e potente.
O Sesc RJ tem em sua função social encurtar as distâncias entre as camadas sociais, promover a divulgação científica, promover reflexões sobre as metodologias educacionais. Esta programação abordou todos estes temas, sobre a ótica de Lucas, um jovem negro, “cria” do complexo do Alemão.
EXPOSIÇÃO MULTILINGUAGEM: O PASSADO E O PRESENTE NA CONSTRUÇÃO DE FUTUROS NEGROS
Trata-se de uma exposição multilinguagem que tem como objetivo central a valorização da ciência e arte brasileira, possuí uma estética afrofuturista. Serão convidados(as) 4 cientistas brasileiros, e negros, para gravar um conteúdo audiovisual relacionado a sua produção, e para posarem para uma fotografia, e 4 artistas plásticos, que trabalhem como técnica de fotocolagem digital, para construirmos uma fotocolagem. Também compõe a exposição um filtro que será utilizado nas interações que serão realizadas a partir do instagram do SESC RJ, e SESC Ramos.
Data: 15 a 30/10.
Plataforma: Youtube Sesc RJ, Instagram Sesc Ramos
Clique aqui para ver a exposição
Sobre os resultados:
A Jornada Antirracista foi realizada de agosto a dezembro de 2021, em nove unidades do Sesc RJ, uma programação totalmente virtual. De forma sistematizada promovemos atividades que buscaram problematizar a permanência do racismo e suas dinâmicas estruturantes.
O desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação tem fomentado mudanças significativas no mundo contemporâneo, o que tem possibilitado acesso às informações e notícias do mundo em apenas um click. Levando isto em consideração, elaboramos ao longo da realização do projeto, a produção de conteúdos educativos para publicação nas redes sociais. Eram postagens sobre personalidades negras protagonistas na educação, arte, ciência e tecnologia para conhecimento do publico em geral. O conteúdo e a linguagem de cada postagem foram criados para estarem focados e alinhados com os usuários da instituição, visando uso total do potencial educativo do material apresentado. As postagens foram publicadas na página do Sesc RJ no Instagram e no Facebook, tendo alcançado 29.608 pessoas.
Gerência de Educação
Arte, Ciência e Tecnologia
Jornada Antirracista
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