Tour pela Pequena África

Tour pela Pequena África

Relato – Tour pela Pequena África

 

Por Bernardo de La Vega Vinolo

A equipe de Arte, Ciência e Tecnologia do Sesc RJ, Unidade Madureira I, em parceria com a equipe do Mais Infância, realizou um passeio de turismo pedagógico pela região da Pequena África, tradicionalmente conhecida pela sua riqueza cultural e artística afro-brasileira. A região está localizada na zona portuária do Rio de Janeiro, englobando os bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo. A atividade ocorreu com a mediação de Cosme Felippsen, morador, articulador e guia local.

Foram duas excursões com grupo de crianças da faixa etária de 6 a 12 anos, que estiveram presente com seus responsáveis legais. O percurso passou pelo Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB), Instituto Pretos Novos (IPN), Pedra do Sal, Cais do Valongo e Largo de São Francisco da Prainha.

 

Excursão pela Pequena África 6

 

A partir de dados históricos, arquitetônicos e territoriais, debatemos a importância da preservação desses patrimônios e dos mecanismos locais de resistência étnica-cultural. O primeiro ponto do passeio foi o Museu da História e Cultura Afro-Brasileira, museu de território de papel fundamental no resgate, na preservação e revitalização da memória afro-brasileira, e que tem como marco zero o Cais do Valongo. Na instituição, fomos recebidos por Mariana Maia, responsável pelo setor de Educação que realizou a mediação da exposição do museu.

Excursão pela Pequena África 1

 

No percurso a céu aberto, iniciamos pelo Instituto Pretos Novos para debatermos sobre as condições nas quais as pessoas escravizadas foram submetidas ao chegar ao Brasil, em especial a maneira com as quais os negros que não sobreviviam ao trajeto eram tratados e enterrados. A instituição atua com ênfase na preservação do sítio histórico e arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos, local onde dezenas de milhares de corpos negros foram empilhados e enterrados, sobretudo com a finalidade de valorizar a memória e identidade cultural brasileira em Diáspora.

 

Excursão pela Pequena África 2

 

Em seguida, nos direcionamos para a Pedra do Sal, monumento histórico e religioso onde se encontra a Comunidade Remanescentes de Quilombos da Pedra do Sal. Este monumento possui grande importância para a cultura afro-carioca e para os amantes do samba e do choro. Pode ser considerada como o núcleo simbólico da região da Pequena África, pois era repleta de casas coletivas ocupadas por negros escravizados e forros.

 

Excursão pela Pequena África 3

 

A poucos metros da Pedra do Sal está localizado o Cais do Valongo, Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco por ser um dos únicos vestígios físicos do tráfico negreiro nas Américas. Este foi o cais que mais recebeu pessoas escravizadas em todo o continente – estima-se que tenha sido a porta de entrada de cerca de um milhão de escravizados, de um total de cerca de cinco milhões que chegaram ao país.

Hoje, a praça se tornou uma região de memória, acervo e debate das mazelas sociais e raciais que a escravidão trouxe para o país e para a população negra – e das valiosas contribuições que as culturas africanas trouxeram para nossa língua, história e cultura.

 

Excursão pela Pequena África 4

 

Finalizamos a excursão no Largo de São Francisco da Prainha, onde se localiza a estátua de bronze de Mercedes Baptista, a primeira bailarina negra a compor o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Aqui, discutimos a importância de políticas públicas de inserção da população negra em espaços tradicionalmente elitizados, como universidades e instituições historicamente não-negras, e do papel da educação antirracista em espaços de ensino formal e não formal.

Excursão pela Pequena África 5

 

Esta atividade compõe a grade programática do projeto CONSCIÊNCIAS, que possui como objetivo executar um agenda de ações sistemáticas de combate ao racismo e valorização da identidade, história e cultura da população negra. Idealizado por meio da Gerência de Educação, o projeto tem por objetivo implementar ações sistemáticas de combate ao racismo de forma educativa e propositiva, nas quais ensejamos fomentar o pensamento crítico e a mudança de comportamento dos participantes, para que assim, possamos contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária.

 

Bernardo de La Vega Vinolo
Analista de Arte, Ciência e Tecnologia no Sesc RJ
Mônica Cruz
Assistente de Arte, Ciência e Tecnologia no Sesc RJ

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