“A educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas.
Pessoas transformam o mundo”.
Paulo Freire
O projeto CONSCIÊNCIAS do SESC RJ visa fomentar o pensamento crítico e a mudança de comportamento dos participantes, para que assim, possamos contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária, combatendo o racismo e todas as suas interseções. Com uma programação multilinguagem, distribuída por três unidades do SESC RJ, entre os meses de abril e dezembro, iremos envolver professores, pesquisadores, artistas e o grande público em um grande debate acerca do racismo, buscando caminhos e estratégias para a superação, bem como, evidenciando a valiosa contribuição do povo negro para a formação da sociedade brasileira.
De julho a setembro o projeto foi realizado no SESC unidade São João de Meriti, município que compõe a Baixada Fluminense. “Meriti” é oriundo do termo da língua tupi antiga meriti’yba, que significa “pé de buriti”, através da junção de meriti (buriti) e ‘yba (pé), pelo nome, pelos rios, pelas pessoas. São João de Meriti é território de ancestralidade, onde encontramos um dos mais tradicionais e respeitados centros de cultura de origem africana no Brasil, a Casa de Candomblé Ilê Axé Opô Afonjá – fundada em 1896, e hoje é tombada pelo INEPAC – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural. João Cândido, o Almirante Negro, líder da Revolta da Chibata, morreu em São João de Meriti, um grande símbolo de resistência negra.
A programação foi dividida em três eixos que valorizam os povos originários e a cultura afro-brasileira:
Ancestralidades Regionais: apresentamos os saberes ancestrais, por meio de suas tradições e legados. De modo a valorizar a história das aldeias, quilombos, zonas rurais e urbanas, dos litorais e comunidades ribeirinhas. Neste eixo, destacamos a oralidade, as canções e ritos que resgatam as origens dessas populações, fortalecendo suas heranças e construindo novos horizontes.
João Candido e a Educação Antirracista: o eixo faz um elo entre a trajetória de João Cândido Felisberto, o Almirante Negro, e seu exemplo de resistência refletida em seus ensinamentos para o Brasil contemporâneo. Nesse contexto, a educação antirracista se torna um dos pilares essenciais na discussão de leis como a 10.639/03, onde seu primeiro parágrafo destaca “o estudo da História da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinente à História do Brasil”. Assim, nosso eixo mostrou à importância de se pensar a educação a partir de manifestações múltiplas, seja através de diálogos com nomes que são referências no assunto, ou pelo viés artístico, de modo a convergir com variadas linguagens educativas, oportunizando conexão entre o discurso e a prática.
Expressões Afrofuturistas: reafirmando o continente africano enquanto berço da humanidade, lugar das primeiras descobertas, invenções e organizações sociais, esse eixo foi o convite à construção de uma narrativa que valoriza as culturas africanas. Sendo o afrofuturismo um movimento que se desenvolve a partir da estética cultural, artística e filosófica, ele se manifesta na produção de conteúdos através da diáspora africana. Nesse contexto, cabem refletir as produções que retratam o protagonismo negro, celebrando sua identidade, ancestralidade e história, possibilitando projeções sobre um futuro que não seja marcado pelo racismo, opressão e violência. Assim, o projeto CONSCIÊNCIAS apresenta importantes nomes e iniciativas que são referências nas produções afrofuturistas no Brasil, seja por meio das ciências, que transformam saberes em difusão de conhecimento, ou das novas tecnologias, que impulsionam a transformação das sociedades através da cultura digital.